domingo, novembro 26, 2006

Encontros da CIA


Entre um e outro encontro, da CIA do Subterrâneo, nossos laços de amizade foram ficando cada vez mais firmes, e hoje sei que posso dizer com muito orgulho que tenho amigos, que a cada dia de convivência me elevo cada vez mais, pois a cada encontro tenho sempre algo a apreender, e como aprendi com vocês nestes nossos encontros, sei que a separação será inevitável um dia, e isso me fará sofrer, mas o que me consola é que as boas lembranças dos momentos vividos juntos, estas sim, nunca serão apagadas ou esquecidas, pois sei que sempre estarão guardadas no lugar mais doce de nossas recordações.
É bom saber que apesar de tudo ainda conseguimos encontrar nossos iguais pela estrada da vida, e sei que ao lado desta CIA eu os encontrei e hoje posso dizer que me sinto mais feliz por ter amigos tão especiais.
Beijos e vou parar por aqui e deixar de lado esta rasgação de seda...rsrsrs

quarta-feira, novembro 22, 2006

É grande, mas vale a pena!

Caríssimos,

Se vocês estiverem entediados, chateados, preocupados, gripados, desavisados, e outros "ados", sugiro que leiam esse testículo, escrito no melho estilo rato de ser:

http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/amorfalacia.htm

p.s.: qualquer semelhança com algum rato conhecido, só pode ser obra de Deus...

p.s.2: copiem o endereço e colem lá em cima. Perdoem a estupidez de não saber como colocar um link nesta merda desse blogger..

sexta-feira, novembro 17, 2006

Sempre amores. Jamais amor.

Engraçado, o processo do enamoramento. Lá estava a pessoa bem, com sua vida normal, com seu cotidiano e seus costumes. Outra pessoa, que a primeira não conhecia nem sabia da existência, também tinha sua vida normal, com seu cotidiano e seus costumes. Por acaso (e o destino resume-se ao acaso acontecido) elas se encontram em um cotidiano qualquer. Passam despercebidos um do outro. Um é uma pessoa qualquer, como vemos centenas todos os dias. Outro, também é um qualquer e conta-se às centenas. Mas digamos que a freqüência de contato torna-se constante, devido ao posicionamento social coincidente de ambos (colegas de escola, faculdade ou trabalho; vizinhos; co-parentes etc). Um dia acabam se encontrando de uma forma que exige comunicação verbal olá? tudo bem? tudo e você? eu também. me chamo... e eu... prazer. foi todo meu. até. até. Aí a comunicação verbal formal passa a ser constante. Constante. Constante. Constante. Constante. Água mole em pedra mole tanto amola que um dia emula. (Talvez o ditado não seja assim. E que vá pro diabo com o ditado!) Um dos dois acaba, em um momento de cessão à Freud, reparando em outras qualidades no outro-interlocutor do olá? tudo bem? tudo e você? eu também. me chamo... e eu... prazer. foi todo meu. até. até. Não é que o outro é lindo? Passa o tempo. Devido a algumas conversas... E inteligente. Mais algumas. E simpatissíssimo. Só mais algumas, prometo. Gamou. Quem sabe com o outro não se deu o mesmo processo. Em um momento de cessão à Freud, o ser já desejado, repara em outras qualidades no outro-interlocutor do olá? tudo bem? tudo e você? eu também. me chamo... e eu... prazer. foi todo meu. até. até. Não é que o outro é lindo? Passa o tempo. Devido a algumas conversas... E inteligente. Mais algumas. E simpatissíssimo. Só mais algumas, prometo. Gamou. Lá está o potencial par romântico. As aproximações são agora permeadas por estratégias inconscientes e conscientes de cunho erótico. O corpo libera substâncias que invocam o sexo almejado. O perfume de R$ 56,90 impede que o desajeitado faro humano cumpra sua missão. Mas o contato segue. Em moldes mais simbólicos, uma vez que o bicho-homem não leva jeito pra ser bicho-bicho. Ai, meu Deus! Enquanto falava em bicho-bicho-bicho-bicho, os dois, olhem lá!, já trocaram telefones, MSN, orkut, youtube, fotolog, blog. Fim de expediente na sexta. Chuva. Quer uma carona? Te levo até o ponto. Aceito, caso contrário não chego em casa hoje. Não chegou. Do bar, foram pra um motel, bem ao lado. Amanhã festejam um mês de namoro. E é assim que as coisas vão acontecendo. As pessoas vão chegando em nossas vidas e vamos nos apaixonando por elas. Muitas outras poderiam ter aparecido, mas não apareceram. Foi ele. Foi ela. E pronto. Era o destino!, dizem. Mas as coisas podem ter outro formato também. Imaginem que o cara desejasse ela profundamente. Um dia, no elevador da faculdade se encontram. Ela, que já o conhecia de olá? tudo bem? tudo e você? eu também. me chamo... e eu... prazer. foi todo meu. até. até., puxa assunto. Meu Deus! Logo hoje. Ele, de ressaca, não pode abrir a boca, sob risco de vomitar em cima dela. A cada frase dela ele apenas acena com rosto nitidamente artificialmente sereno. Não diz nada. Pi. Elevador no destino. Ambos saem. O cumprimento dela já é frio. Cada qual para seu lado. Ela pensa que cara chato! esnobe! A relação entre ambos se altera. Nada nunca rolou entre os dois. O amor potencial esvaiu-se no ar. Maldita ressaca! Contudo, se ele percebeu que perdeu uma garota, entretanto, nenhum dos dois percebeu que perderam um amor. Hoje um comemora um mês de namoro com Lili (do poema Quadrilha do Drummond). Outro tem um encontro marcado com um par pelo qual está perdidamente apaixonado (o J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história, do mesmo poema). Assim vai o amor. Esta idéia central da modernidade. Amores eternos que, como dizia o poeta, duram apenas enquanto duram. Amores que, potenciais, nunca se concretizam. Amores que, latentes, nunca se revelam. Amores que seriam, mas nunca serão. Amores que foram e impediram outros. Sempre amores. Jamais amor.

quinta-feira, novembro 09, 2006

"Republico mesmo!" Parte 2 - Eficácia Política X Eficácia Simbólica

Os solterapolitanos já viram. Fomos brindados com algumas daquelas faixas que surgem em época de eleição: " Deputado não-sei-das-quantas deseja sorte para nossa seleção!". É engraçado como esse tipo de marketing funciona. Apesar de não saber exatamente como isso se dá lá fora, tenho uma inclinação pela idéia de que esse tipo de coisa só funciona aqui no Brasil, com nossa cultura politica personalista e até mesmo maniqueísta. Mas esse não é o ponto, nesse texto.
O que achei interessante é um paralelo, um tanto quanto grosseiro, que pode ser feito entre esse tipo de simbolísmo político, se podemos chamar assim, e a simbologia das tribos indígenas e dos xamãs. Em " Antropologia Estrutural", Levi-Strauss mostra de forma bastante interessante como funciona o mecanismo de cura xamanística. Ela é, antes de tudo, uma reestruturação dos acontecimentos empíricos dentro de um sistema simbólico socialmente convencionado entre os índios. Uma doença, ou um parto difícil, traz ao seio social fatos extraordinários, ou seja, que não podem ser explicados nem colocados em ordem senão pela explicação sobrenatural, que se constitui num sistema de símbolos, da qual o xamã é principal guardião. Os mecanismos materiais da cura, que podem parecer aos nossos olhos ocidentais um charlatanismo vagabundo, são muito mais complexos que isso. Basta dizer que o xamã crê de fato que aqueles procedimentos estimulam os espíritos e outros fatores sobrenaturais, ocasionando na cura. Contudo, a cura vem, na verdade, pelo ordenamento das acontecimentos, o qual o mito oferece ao doente. Entendo a sequência de acontecimentos previstos pelo mito, o corpo do individuo acaba trabalhando em prol da cura física, fisiológica, porque pode sentir que essa é a ordem natural das coisas, e não o fim dos tempos, uma desordem absoluta. Entraria aqui a explicação de uma noção de incosciente que deixaria o texto mais chato ainda. Basta dizer que a saída que o mito oferece frente ao caos - que é comuma nós ocidentais, na psicanálise - é a chave para a cura. A simbologia, ordenada, é eficiente, justificando o título desse pequeno devaneio.
Na politica brasileira, numa analogia já sabidamente grosseira, ocorre algo semelhante, com algumas diferenças básicas. Os problemas,ou a desordem é também empírica: o individuo não tem emprego, a rua não tem asfalto, o poste não tem luz;o politico, muito bem assessorado, oferece o mito da salvação: o homem bom, honesto, trabalhador, patriota, que vai chegar no poder e resolver todos os problemas. O homem do povo, a voz do povo frente aos "poderosos". As pessoas, fascinadas pelo mito votam, e elegem. O grande problema é que, nesse caso, apenas o mito oferecido, e a solução que ele traz à confusão psiquica, não corresponde a realização da "cura" no plano físico. O mito não resolve. Ao contrário do xamã, que provoca na doente a reação à doença e a cura, a eleição dos "homens do povo", carregada de mitologia, não acarreta no ordenamento imediato das idéias da forma que poderia resolver de fato os problemas do povo. o mito acaba personificando a luta de toda uma classe, colocando na mão de uma figura a solução de suas vidas, quando o que, na humilde opinião desse que vos fala, o que resolveria a "doença social" seria a tomada de consciência, tornar a classe mais crítica, e fazê-la perceber que apenas com junção de esforços e com a luta organizada se pode travar os objetivos contrários aos seus, fazendo com que a desordem empírica suma. De fato, aqui a desordem no plano das idéias, que quando desfeita desfaz a desordem no plano físico, não pode ser sanada apenas pelo "homem do povo", pelo mito que ele traz. O político que, sabendo disso, usa o mito apenas parar fins pessoais, não merece de nós a mesma admiração que o xamã faz por merecer. A eficácia simbólica do segundo, ainda que não lhe seja possivel compreende-la, cura. O politico é desonesto: oferece um mito inútil, ou útil apenas para si próprio, na medida em que ele alcança objetivos pessoais, o que pode ser chamado( eu, pelo menos, acho que pode...) de "eficácia política".
Até quando a "eficácia política" irá travar a luta pela "cura" para nosso povo? Até quando ela irá travar um processo que seja mais justamente comparado com a "eficácia simbólica"? Mais uma daquelas perguntas para qual não pretendo formular respostas...

Escrito em 10/06/2006