terça-feira, setembro 12, 2006

Sobre drogas, manadas, ratos, tuberculose, romantismo e irracionalismo. Na verdade, o título é uma mentira!

Caríssimos, já que estamos no clima, me permitam compartilhar um pequeno texto que escrevi há algum tempo atraz, quando era um pouco mais jovem...

"Estou no meio do abismo, onde o vazio se propaga e os ecos do infinito se espalham de um canto a outro. É aqui, onde o tudo é o nada e o nada é um caminho sem fim, que eu me acho e me desencontro de mim mesmo. Sinto-me triste, sinto-me solitário, a minha vida não tem mais sentido. Estou cansado de viver essa existência burocrática cheia de leis e regras sociais. O universo do meu eu pede mais. Ele clama por liberdade, por cultura, por música, por filosofia e por amor. Estou cansado de ser a única estrela do meu universo mórbido. Preciso de uma outra estrela para ocupar o espaço do inferno secular que me queima, aqui, bem no fundo do meu clarão desesperançoso.
Estou a procura de um amor. Quero que seja como o sol e ilumine o meu intelecto sombrio. Quero que seja como a lua e me desperte um desejo caprichoso. Quero que seja como as estrelas e me guie para dentro de mim com confiança. Eu tenho medo. Estou ansioso. A confusão. O martírio. Estou dormindo. Meus olhos estão abertos. Mergulho de novo e a maré me carrega. As ondas me doem e as pedras me perfuram os pés. Eu não sou capaz. Eu sou um nada. A dor me persegue. As pessoas me olham diferente. Minha mãe tem pena de mim e o meu pai, vergonha. O túnel. Está girando. Estou com náuseas. Vou vomitar. O passado. As lembranças. As cobranças. Estou bêbado. As alucinações me rasgam ao meio. Os duendes me irritam. As fadas me consolam. Os elefantes me pisoteiam e me esmagam. Estou sóbrio. As alucinações continuam..."

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Depois falam de mim quando digo que me deparei com um cavalo no elevador. Mas sempre me agrada a paranóia.

12:12 AM  
Blogger Victor Scarlato said...

Meu caro,

Após todas as convulsões, ainda pensar no que nos subjulga e martiriza é algo que não conseguimos esquecer...

Forte Abraço

2:22 AM  
Blogger Antonio Rimaci said...

Como não identificar-se, intensamente, com o que você escreveu? Essa angústia juvenil é duradoura...e as vezes volta!

abraços

2:30 PM  
Blogger Fernanda Furtado said...

Seguindo o exemplo de Felippe, responderei o seu post com um poeminha tuberculoso que fiz no colégio. Só não vale rir.

Eu sou uma estrela cadente
Sou uma dívida pendente
Eu sou a lua minguante e o estranho descrente
Tenho lágrimas nos olhos de contemplar o Sol
Meus pés derretem sobre os asfalto

Sou a hora perdida e o crepúsculo sem cor
Tenho poucos dedos em minhas mãos
Muitas palavras para escrever
Sou a decadência indecente no teu olhar
Sou o último suspiro, o último pulso
Sou o cadáver da vida
Sou o moribundo.

P.S. Vale por uma palestra com as mãos e pulsos à mostra.

4:09 PM  
Anonymous Anônimo said...

Fernanda, gostei muito das imagens que seu poema propicia e me sinto muito honrado - não é para plagiar suas resposta a Felippe -, pois sei o que significa "palestra com as mãos e pulsos à mostra". Pena que (acho) apenas eu e no máximo Murilo compreenderá o que isso significa.
Beijão!

5:34 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu adorei o poema, mas realmente não entendi a "palestra". rs

6:16 PM  

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